O Clássico

AS COISAS DA VIDA

Palma de Ouro (melhor filme) do Festival de Cannes 1970

Sinopse: Pierre (Michel Piccoli), arquiteto na faixa dos 40 anos, sofre um grave acidente de carro. Arremessado para fora de seu veículo, em estado de coma à beira da estrada, tem flashbacks do passado e das duas mulheres de sua vida: a ex-mulher Catherine (Léa Massari), com quem tem um filho, e Hélène (Romy Schneider), com quem vive um conturbado relacionamento.

CLAUDE SAUTET
Diretor

As coisas da vida é o quarto longa-metragem de Sautet, mas é a primeira vez que ele experimenta o registro dramático. Essa primeira incursão levará o cineasta a se dedicar principalmente a esse gênero durante o resto de sua carreira.

A história do filme, baseada no romance Les Choses de la vie, de Paul Guimard, gira em torno deste estado de coma. Sem qualquer consciência da morte que se aproxima e inocentemente obcecado pelo seu cansaço, o monólogo interior travado por Pierre revela o medo de que venha à tona uma carta que daria outro sentido à sua relação com os outros.

No momento do acidente que o deixa gravemente ferido, ele vê sua vida passar em ritmo acelerado. E ele se dá conta de como as pequenas coisas da existência – as alegrias e as tristezas – formam a felicidade de toda uma vida.

O filme foi um grande sucesso de bilheteria, com um total de 2.959.682 espectadores nos cinemas. Mas o sucesso não só foi de público, pois o longa-metragem também ganhou o Prêmio Louis Delluc.

Ao confiar os papéis principais do filme a Romy Schneider e Michel Piccoli, Claude Sautet não só colaborou com dois dos melhores atores do cinema francês da época, mas formou um casal de cinema cuja credibilidade se estenderia ao longo dos anos. Romy Schneider foi dirigida pelo realizador em As Coisas da Vida e também em Sublime Renúncia, César e Rosalie, Mado, Um Amor Impossível e Uma História Simples. Cinco dos filmes dessa atriz de beleza estonteante foram com Sautet. Em quatro desses filmes com Romy Schneider marca presença também Michel Piccoli – só em César e Rosalie ele não aparece em cena, mas faz o narrador que encerra a história.

Philippe Sarde, então com ridículos 20 anos de idade, compôs para o filme uma trilha de beleza marcante e forte. O tema principal é triste, delicado e belo – exatamente como o filme e como a obra desse magnífico cineasta. Assim como Federico Fellini teve Nino Rotta e Sergio Leone teve Ennio Morricone, Claude Sautet teve Philippe Sarde. Ao longo de 30 anos, Sarde foi o autor das trilhas sonoras de 11 filmes do diretor. A colaboração começou exatamente em As Coisas da Vida.