Palavras do Curador

Oh La La Land

Mal foi lançado, La La Land foi acusado de ser plágio da famosa comédia musical francesa Duas Garotas Românticas, cujo cinquentenário o Festival Varilux tem o prazer de comemorar.

Damien Chazelle, diretor cujo pai é francês, fez de tudo para se defender reivindicando, ao contrário, o universo maravilhoso de Jacques Demy como sua principal inspiração!

O cinema é isto : a mistura dos imaginários e a circulação das histórias. Na seleção do Varilux 2017 – uma safra excepcional – poderemos descobrir Frantz, um filme de François Ozon adaptado de um livro filmado por Lubitsch em 1932, Uma família de dois, remake de uma produção mexicana que foi o maior sucesso latino nos Estados Unidos, Mal de Pierres, com Marion Cotillard, adaptação de um livro sardo, ou ainda Une vie ailleurs, filme francês filmado no Uruguai…

Essas misturas mostram a que ponto todas as culturas são importantes e ricas. O problema é que na realidade não é assim. O peso esmagador do marketing, a digitalização e a crise das salas de cinema de rua ameaçam muito a diversidade dos filmes nas telas. É um fenômeno mundial particularmente acentuado no Brasil.

Apesar da coragem que todos sempre tiveram, os distribuidores parceiros do festival – e queremos exprimir aqui nossa admiração e gratidão por eles – nos fizeram entender que, uma hora, poderiam ser obrigados a  abandonar a distribuição de filmes independentes, entre os quais os filmes franceses estão na linha de frente. A situação é realmente alarmante e a liberdade de escolha dos espectadores brasileiros está gravemente ameaçada.

Como mostra o maravilhoso filme Amanhã – o documentário do festival –  quando as coisas vão mal a nível global, as iniciativas individuais e locais se tornam essenciais para encontrar novas soluções. Então decidimos lançar no Brasil o primeiro site VOD dedicado ao cinema francês do mundo: “www.meucinefrances.com”.

E para defender a diversidade cultural, vamos continuar a fazer um trabalho intenso para que o Festival Varilux continue a crescer, a estar presente em cada vez mais cidades e mais cinemas, com mais filmes, e também a explorar novos territórios tendo, pela primeira vez, um festival de filmes franceses de realidade virtual.

A todos os inúmeros parceiros que apoiam esse trabalho, às Alianças Francesas e aos cinemas que o participam no Brasil todo, obrigado do fundo do coração!

Bom “tour de France” cinematográfico !

Christian Boudier

Diretor do Festival