Palavras dos Curadores

10 anos de crescimento e um milhão de espectadores!

O Festival Varilux de Cinema Francês festeja seus 10 anos e seu milionésimo espectador!

Claro que os invejosos e outros vingadores dirão: um milhão de espectadores foi o que teve, num dia, um certo filme americano lançado em abril em 80 % dos cinemas brasileiros!

Uma comparação dessas poderia nos desestimular. Mas, pelo contrário, ela só faz reforçar a legitimidade e a importância do trabalho realizado a cada ano pelo Festival Varilux e, de forma mais geral, por todos aqueles – artistas, instituições, profissionais, jornalistas, cidadãos – que entraram em resistência para defender a diversidade cultural e cinematográfica no Brasil.

Resistência diante do apetite predador das novas plataformas digitais, para que o cinema continue a ser apreciado primeiro nas salas, na telona, em comunhão com outras pessoas.

Resistência para que a criação audiovisual não seja apenas o fruto de algoritmos, mas sim um território de expressão artística que continue a inventar e nos surpreender.

E de forma mais ampla, resistência diante da negação da importância vital da cultura para o funcionamento de nossas sociedades, e a constante redução das condições financeiras que são dedicadas a ela.

E já que falamos de resistência, 2019 também será o 230º aniversário da Revolução Francesa e o Festival faz uma homenagem a ela, com A Revolução em Paris, brilhante afresco histórico de Pierre Schoeller (presente!), que inspirou o cartaz dessa edição com a magnífica atriz Adèle Haenel, porta-bandeira da revolta das mulheres.

Um terceiro aniversário, o de 30 anos do clássico Cyrano de Bergerac de Jean-Paul Rappeneau, baseado na comédia heroica de Edmond de Rostand, cuja criação em 1897 é objeto de outro filme da seleção, Cyrano meu amor do genial Alexis Michalik, que virá ao festival.

Outro personagem rebelde e tipicamente francês em cartaz este ano: o irredutível Asterix, num novíssimo filme de animação para pequenos e grandes, Asterix e o Segredo da Poção Mágica, que também será projetado no âmbito das inúmeras sessões educativas organizadas por todo país.

O cinema francês, mais do que qualquer outro no mundo, tem o dever de abordar questões sociais. Assim, dois filmes encenam o tema escaldante do abuso sexual este ano: Graças a Deus de François Ozon, Urso de Prata em Berlim, grande filme político e retrato comovente de homens fragilizados, que será apresentado ao público brasileiro por um dos seus atores principais, Swann Arlaud (César de Melhor Ator em 2018). E também Inocência Roubada, relato sobre a resiliência de uma mulher cuja infância foi traumatizada pelo estupro – a diretora, atriz e dançarina Andréa Bescond, de quem se trata a história, virá ao Brasil, acompanhada do codiretor Eric Métayer.

Outro ator em ascensão, François Civil encarna, com 3 filmes, essa diversidade do cinema francês que o Festival Varilux se compromete em promover a cada ano: ele virá ao Brasil apresentar a comédia romântica Amor à segunda vista, acompanhado pela atriz principal Joséphine Japy, o drama “digital” Quem você pensa que sou,  sublime retrato feminino encarnado por uma Juliette Binoche excepcional, e o tão eficaz filme de guerra O Chamado do Lobo, situado no universo dos submarinos, que o festival apresentará ao ar livre na zona portuária do Rio, em parceria com Naval Group.

E, finalmente, não percam o genial Meu bebê, grande prêmio do Festival de comédias de Alpe d’Huez, em presença da diretora Lisa Azuelos e seu “bebê”, Thais Alessandrin.

Aliás, não percam nenhum filme, eles são todos formidáveis. E é por isso que o Varilux conquista um público cada vez mais numeroso no Brasil inteiro há 10 anos: em 2010, ele era apresentado em 9 cidades para 22.000 espectadores, no ano passado, desembarcou em 88 cidades e conquistou 180.000 espectadores. Com mais de 600 projeções gratuitas, o Festival também se dedica a formar novos públicos em parceria com os SESC – uma rede preciosa para a democratização da cultura no Brasil.

Esse décimo aniversário, nós dedicamos à formidável criatividade da sétima arte francesa, aos cinemas e aos distribuidores brasileiros que resistem, ao entusiasmo e à curiosidade do público e, claro, a todos aqueles e aquelas que nos apoiam.

Agradecemos ao Ministério da Cidadania através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, à Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro, à Prefeitura do Rio de Janeiro através da Lei do ISS.

Agradecemos à Essilor/Varilux, cuja fidelidade merece um « parabéns » muito especial e nominal: Obrigado, Eneida Ribas, que nos defende com convicção há 10 anos, Sébastien Picot, Guilherme Nogueira e Thaísa Calvet.

Agradecemos à Embaixada da França e às Alianças Francesas, que levam o Festival com entusiasmo a todas as grandes cidades brasileiras! Agradecemos à Air France, Edenred, Naval Group, Sofitel, JC Decaux, Adoro Cinema e todos os outros parceiros.

Graças a vocês, o cinema francês poderá compartilhar seu segredo com o público brasileiro por inúmeros anos ainda: ce secret c’est… le Panache!

Emmanuelle e Christian Boudier

Diretores do Festival