Mostra em Homenagem a Jean-Paul Belmondo

Programação:

O Magnífico
Le Magnifique (1973 –  Comédia/Aventura – 95 min)
De Philippe de Broca

Com: Jean-Paul Belmondo, Jaqueline Bisset, Vittorio Caprioli, Jean Lefebvre

Francois é um escritor de romances de espionagem, cuja figura principal é Bob Saint Clair, um espião muito esperto, inteligente e sedutor. Sua obra desperta o interesse acadêmico de Christiane, uma estudante inglesa de sociologia. Aos poucos, o estudo e o relacionamento entre eles começam a se confundir com trechos do novo livro do escritor.

EXIBIÇÕES:

Disponível em diversas cidades.
Veja a programação completa do festival.

 

 O Demônio das Onze Horas
Pierrot le fou (1965 – Drama – 1h55)
De Jean-Luc Godard

Com Jean-Paul Belmondo e Anna Karina

Ferdinand Griffon é um professor de língua espanhola casado com uma italiana. Ele anda um pouco desiludido porque acaba de perder o seu emprego na televisão. Em uma noite, o casal vai a uma festa burguesa na casa de amigos. Mas para frequentar o evento social, precisavam que alguém cuidasse das crianças. Decidem, então, contratar a jovem Marianne como babá. Após uma noite decepcionante, Ferdinand volta para a casa, encontra Marianne e tenta conquistá-la. No dia seguinte, o novo casal foge em direção ao Sul, onde se envolvem com tráfico de armas e conspirações políticas. Baseada no livro Obsession, de Lionel White, o filme é tido como um dos grandes marcos do movimento “Nouvelle Vague”.

EXIBIÇÕES:

Cine Casarão (Manaus, AM)
25/11 – 18h30

Cinemateca Paulo Amorim (Porto Alegre, RS)
02/12 – 17:00

 

O Homem do Rio
L’homme de Rio (1964 – Aventura – 1h52)
De Philippe de Broca

Com Jean-Paul Belmondo e Françoise Dorléac

O piloto Adrien Dufourquet consegue uma semana de folga e planeja encontrar-se com a namorada Agnès em Paris. Ao chegar, depara-se com um bando de índios sul-americanos que raptam a moça. Eles pensam que a jovem sabe onde estão as estátuas que os levariam a um fabuloso tesouro. Adrien segue os bandidos até a Selva Amazônica e vive uma série de perigos ao tentar resgatar Agnès.

EXIBIÇÕES:

Cine Casarão (Manaus, AM)
26/11 – 19h30

Cinemateca Paulo Amorim (Porto Alegre, RS)
07/12 – 17:00

 

Técnica de um delator
Le Doulos (1963 – Açao/Suspenso – 1h48)
De Jean-Pierre Melville

Com Jean-Paul Belmondo, Serge Reggiani, Michel Piccoli

Recém-saído da prisão, Maurice planeja um roubo junto com o amigo Silien. O comparsa, no entanto, o delata para a polícia, que impede o roubo e fere Maurice. Recuperado, ele orquestra um plano para se vingar.

EXIBIÇÕES:

Cine Casarão (Manaus, AM)
27/11 – 15h30

Cinemateca Paulo Amorim (Porto Alegre, RS)
03/12 – 17:00

 

Léon Morin, o padre
Léon Morin, prêtre (1961 – Drama/Romance – 2h10)
De Jean-Pierre Melville

Com Jean-Paul Belmondo, Emmanuelle Riva, Irène Tunc

Durante a Segunda Grande Guerra a viúva Barny, ateia, manda sua filha meio judia para viver em uma fazenda antes que os alemães invadissem a cidade. Quando ela descobre que o irmão de seu chefe fora mandado a um campo de concentração por ser judeu, decide batizar a filha na religião católica e assim se aproxima do padre Léon, por quem acaba sentindo uma grande atração.

EXIBIÇÕES:

Cine Casarão (Manaus, AM)
28/11 – 18h30

Cinemateca Paulo Amorim (Porto Alegre, RS)
04/12 – 17:00

 

HOMENAGEM JEAN-PAUL BELMONDO

LE MAGNIFIQUE

Nascido em 6 de abril de 1933 em Neuilly sur Seine, Jean-Paul Belmondo morreu esse ano em setembro, aos 88 anos. Um choque imenso para o público francês, para o qual esse monstro sagrado do cinema, chamado de “Bebel”, já tinha se tornado há muito tempo ao mesmo tempo um ícone e uma figura familiar. Conhecido e amado de todos, o ator tem uma filmografia incrivelmente rica e diversificada, com 67 títulos, muitos dos quais de grande sucesso de bilheteria no cinema, mas também na televisão, onde até os seus mais antigos filmes sempre seguem sendo exibidos.

Esse ator imensamente popular do cinema de ação, rei da malandragem e da treta, começou sua carreira quase por acaso com Acossado, de Jean-Luc Godard, que o revelou aos amantes do cinema em 1959. O filme foi homenageado no Brasil no Festival Varilux de Cinema Francês de 2020. Belmondo tornou-se rapidamente o ícone da “Nouvelle Vague” e se esforçou de permanecer vinculado à essa nova onda cinematográfica nascida nos anos 1960, com outros filmes de Godard (O Demônio das Onze Horas, filme cult!), e também de Jean-Pierre Melville (Léon Morin, o Padre e Técnica de um Delator), Peter Brook (Duas Almas em Suplicio), François Truffaut (A Sereia do Mississipi) ou Alain Resnais (Stavisky ou o Imperio de Alexandre).

Mas foi sua amizade com o popular cineasta Philippe de Broca, um sujeito alegre como ele, que mudaria seu destino como ator e daria à luz a figura “Bebel” aos olhos de toda a França.

Começou com Cartouche, em 1962, e continuou com cinco de seus maiores sucessos de público, incluindo O Homem do Rio, As Tribulações de um Chinês na China (um filme no qual ele conheceria Ursula Andress, que será sua namorada por algum tempo …) e O Magnífico.

Foi com O Homem do Rio, em 1964, que nasceu seu personagem audacioso e irreverente, que não tinha medo de nada e se recusava a ser substituído nas cenas de ação. Isso lhe valeu vários acidentes, feridas e cicatrizes! Em 1977, em O Animal de Claude Zidi, se recusou a ser dublado na frente de um tigre. O animal caiu sobre ele lhe rasgou a orelha …

Bebel nasceu atlético. Quando criança, ele foi expulso várias vezes das melhores escolas em que seu pai, o escultor Paul Belmondo, o matriculou. Ele só gostava de boxe e futebol … e depois de teatro! Mas Belmondo não foi apenas um excelente dublê, até o crítico mais exigente o reconhece como um ator excepcional. Cômico, dramático, policial ou bandido, ele demonstrava uma habilidade única de encarnar filmes em registros e tons muito diferentes.

Nos anos 80, porém, começou a se tornar sistematicamente “O Belmondo”. O público francês ia ao cinema com a família para ver “O Belmondo” do ano. Essa personalização aconteceu sobretudo sob a batuta de outro diretor decisivo para sua carreira, Georges Lautner, com quem filmou Tira ou Ladrão, Le Guignolo e O Profissional no início dos anos 80.

E fato que, na época, ele era dos poucos atores que podia “vestir” um filme e garantir seu sucesso comercial apenas com seu nome. O outro foi Alain Delon, seu grande amigo e rival. Com ele faria alguns filmes incluindo Borsalino de Jacques Deray, em 1970, filme que provocou um lendário processo na justiça, quando Belmondo descobriu que o nome de Alain Delon – também produtor do filme – aparecia duas vezes no pôster! Posteriormente, algumas fontes revelaram que a briga desses dois monstros sagrados teve um objetivo puramente publicitário …

É com Itinerário de um Aventureiro de Claude Lelouch, em 1988, que lhe rendeu o César de Melhor Ator, que a carreira de sucesso de Jean-Paul Belmondo realmente chega ao fim. Um filme melancólico e simbólico de fim de viagem, em que um empresário cansado das responsabilidades se faz passar por morto durante um cruzeiro, e vai navegar, sem bússola, pelos mares.

Haveria mais alguns filmes nos anos 90, mas nenhum verdadeiramente reconhecido. Em 2001, Belmondo sofreria um derrame e lutaria por 20 anos para superar as sequelas da doença. Morreu 20 anos depois, “de cansaço”, informaram seus familiares. Depois de tal carreira, não podemos culpá-lo.

O charme provocador de Belmondo, conhecido pela generosidade e fidelidade nas amizades, deixará saudades em todos. O Festival Varilux de Cinema Francês tem o prazer homenageá-lo, exibindo o filme culte O Magnifico, de Philippe de Broca.